Tudo o que eu quis saber (1 Coríntios 2.1-5)
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, 5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1 Coríntios 2.1-5)
Paulo conhecia a cidade de Corinto. Ele sabia que os seus habitantes eram um misto de romanos, gregos e judeus. Sabia também que eram afeitos à oratória, seguidores de mestres humanos e amantes da cultura e filosofia greco-romanas. Assim, quando ali chegou, durante a sua segunda viagem missionária (Atos 18), Paulo decidiu como seria a sua pregação ali: (1) sem grande oratória; (2) sem exposição de sabedoria humana; (3) tendo Jesus crucificado como conteúdo único; (4) sem grande apelo pessoal por parte do pregador; (5) com demonstrações do espírito e de poder, e tudo isso (6) com o objetivo de gerar fé genuína, baseada no poder de Deus.
Certamente podemos aprender muito aqui com o exemplo paulino de como pregar o evangelho. Paulo não escreveu essas palavras, entretanto, para nos fornecer um modelo de filosofia de pregação, ainda que o texto possa ser usado com proveito nesse sentido. O apóstolo escreveu essas palavras, na verdade, para mostrar aos coríntios que a fé inicial deles não dependeu de homens, nem de uma forma de sabedoria externa ou de uma oratória brilhante. Os coríntios estavam se digladiando por causa dessas coisas. Eles queriam ser cristãos descolados e informados, que usavam a linguagem e as formas apreciadas pelo mundo de então. Eles queriam mestres cujos discursos fossem arrebatadores, ainda que o conteúdo não fosse o evangelho. Eles queriam oratória somada a um conteúdo impressionante, profundo e filosófico. Eles queriam argumentação aparentemente precisa, ainda que baseada em sofismas.
Mas não era sobre esse tipo de pregação e de mestre presentes quando a igreja foi “plantada”. Ainda que essa fosse a ênfase posterior, a mensagem que os havia cativado, transformado e santificado fora a mensagem da cruz de Cristo, apresentada de maneira simples, por um homem sem “personal appeal”, por um homem fraco. Mas foi essa a mensagem que os tirou das trevas para a luz. Por que? Porque o conteúdo era Cristo crucificado e a forma era com poder do Espírito.
Não havia, portanto, motivo para os coríntios ficarem, agora, comparando quem era o melhor pregador, qual tinha a argumentação mais eficaz. Eles deveriam se esvaziar dessas coisas que tinham tanto valor no mundo deles, em prol de voltar para a simplicidade do Cristo crucificado. A cruz deveria ser novamente o ponto de encontro para os coríntios. Nela eles deveriam se reencontrar, deixando de lado as diferenças e querelas.
Você e eu também devemos voltar a simplicidade da cruz de Cristo. Ela é o ponto de encontro de todos os cristãos. Nela, as diferenças são anuladas e todos são nivelados como pecadores totalmente dependentes da graça de Deus. Nela há verdadeira unidade. Nela há poder!
Oração: Senhor Deus, ajuda-nos a ter como motivação principal, tanto de nossa vida quanto de nossa pregação, a cruz de Cristo Jesus. Dá-nos a graça de sermos convencidos pela cruz que as nossas melhores características e capacidades são refugo sem o Senhor. Ajuda-nos a sermos mais dependentes do poder de Cristo em nossa vida e em nossa pregação do evangelho. Em nome do Jesus crucificado. Amém.
João Paulo Thomaz de Aquino