Vida prática

Um Caso de Crise Conjugal: Sessão 4

João Paulo e Juliana Thomaz de Aquino[1]

 

Renato recebeu Otávio e Valéria em seu consultório e, depois dos cumprimentos iniciais disse-lhes que o objetivo dessa sessão seria fazer uma avaliação de como eles estavam lidando com seus problemas à luz de tudo o que haviam falado um para o outro e de todas tarefas que haviam feito. Assim, Renato apresentou aos dois uma lista de reclamações que haviam feito um do outro e de outros erros que ele mesmo via em ambos. O conselheiro deixou claro que a lista não era exaustiva, mas um lembrete para que pudessem usar na conversa daquele dia e nos próximos dias. A lista era a seguinte:

 

Erros de Otávio

Erros de Valéria

Frio Não valoriza Otávio
Egoísta Critica Otávio publicamente
Sem vontade de mudar Não se entrega sexualmente a Otávio
Não valoriza sua esposa devidamente Traz à tona erros do passado
Agradador com outros e não com sua esposa Ciúmes
Não é romântico Exageradamente nervosa e exigente

Erros Comuns aos Dois

·         Não fazia suas devocionais
·         Cedendo à um pensamento secular quanto ao casamento
·         Prioridades erradas (importante x urgente)

Consequências

·         Sem diálogo
·         Sem alegria
·         Sem vida a dois (diálogo, romance e sexo)
·         Não prover uma família estruturada para Luana
·         Não refletir adequadamente o relacionamento entre Cristo e a Igreja

 

Após alguns minutos de silêncio em que cada um olhava envergonhado para a sua parte da lista, o conselheiro disse que eles haviam tratado de alguns assuntos do ponto de vista bíblico, que visavam ser aplicados de forma prática. “Na primeira sessão eu falei com vocês sobre o perdão e os textos bíblicos foram sobre a necessidade de cada um de vocês ver a si mesmo como um pecador diante de Deus que tem obrigação de perdoar ao outro”, disse Renato. “Na segunda e terceira sessões, vocês, além de apontarem os erros um do outro, também tiveram que se lembrar e reconhecer as qualidades um do outro. Tantas vezes, em nosso egoísmo, ficamos tão focados em aliviar o nosso sofrimento que deixamos de valorizar as qualidades de nosso cônjuge e justificamos os nossos próprios pecados. Isso nunca é correto. Os textos bíblicos da segunda semana enfatizaram que Deus é o personagem central de nossas histórias e que, por causa dEle, nós devemos cumprir com nossas obrigações espirituais e relacionais”. Nessa hora Renato perguntou aos dois se estavam lendo o livro que ele havia recomendado, “Quando Pecadores Dizem Sim”. Ambos responderam afirmativamente e ele lhes perguntou qual estava sendo a utilidade prática do livro.

 

Otávio falou que não estava conseguindo fazer um capítulo a cada dois dias, conforme solicitado, mas estava se esforçando para ler o máximo possível. Ele disse ser interessante que apesar de ser cristão há tanto tempo, ele nunca havia pensado sobre o seu casamento de maneira tão “teológica”. “Parece-me que normalmente não fazemos uma aplicação de coisas como pecado, lei, graça, perdão de Deus para o nosso casamento. A frase que mais gostei do livro até aqui foi ‘O que acreditamos sobre Deus determina a qualidade do nosso casamento” (p. 17).

 

“E você, Valéria?”, perguntou Renato. Valéria disse que na questão entre lei e graça ela se sentia mais pendente para o lado da lei do que da graça. Ela tinha dificuldades de aceitar graça de Deus para com ela e também tinha dificuldades de estender graça a outros, incluindo Renato. “Para mim”, disse Valéria, “a parte do livro que mais me chamou a atenção foi o capítulo cinco. A última frase dele diz assim: ‘A misericórdia nunca se esgota porque é capaz de cobrir tudo que toca. Ela torna agradável tudo o que toca porque é vinda do céu – do próprio trono do salvador misericordioso. A misericórdia é uma bênção para aqueles que recebem e aqueles que dão. Receba toda a misericórdia que você puder. E não se esqueça de passar adiante’” (p. 88).

 

Renato perguntou a Otávio se ele achava que eles estavam progredindo. Com um sorriso no rosto, Otávio disse um sim convicto. Disse que nas últimas semanas eles haviam gastado mais tempo juntos, tendo conversas produtivas sobre seu casamento, prioridades, orçamento e tiveram alguns momentos juntos como há bastante tempo não tinham.

 

Valéria disse que eles estavam reaprendendo muito sobre seu casamento e sobre Deus. Disse que Luana havia comentado que estava se sentindo mais feliz e isso a deixou muito contente. Valéria também disse que tinha medo de regredir como casal depois que parassem as sessões de aconselhamento.

 

“Vocês vão continuar enfrentando dificuldades em seu casamento, afinal, vivemos em um mundo caído e manchado pelo pecado! Lembrem-se, no entanto, de que quanto mais próximos de Deus ficarem por meio de leitura da Bíblia, oração, comunhão com pessoas maduras na fé e serviço cristão, mais vocês vão progredir e refletir o caráter de Cristo um no outro e para o mundo”, aconselhou Renato e continuou:

 

“Continuem lendo o livro, escolhendo algum texto do mesmo para meditar e aplicar de maneira especial. A outra tarefa para hoje é a seguinte, eu quero que vocês olhem cuidadosamente e diversas vezes a folha com os erros de vocês e, para cada erro, decidam duas atitudes práticas que ajudarão a resolver aquela questão. Quero que liguem para marcarmos a última sessão quando vocês terminarem a leitura do livro, a não ser que algo mais urgente surja”.

 

Após orarem juntos, Renato se despediu do casal.

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[1] João Paulo e Juliana são casados há 14 anos e são pais de três crianças lindas. Ju é psicóloga e psicopedagoga. João é pastor, professor do CPAJ e está cursando doutorado em Novo Testamento. Veja as sessões anteriores: 1, 2 e 3.

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