Encarregados dos mistérios de Deus (1 Coríntios 4.1-5)
1 Portanto, que todos nos considerem como servos de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus. 2 O que se requer destes encarregados é que sejam fiéis. 3 Pouco me importa ser julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano; de fato, nem eu julgo a mim mesmo. 4 Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga. 5 Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um receberá de Deus a sua aprovação. (1 Coríntios 4.1-5, NVI)
Orgulho. Crise de autoridade. Divisão. Esses são os três problemas com os quais Paulo está lidando em 1 Coríntios 1.10—4.21. Desde o capítulo 3 Paulo focou mais na questão dos líderes. Alguns coríntios estavam impressionados com o ministério e a pessoa de Apolo e, por isso, estavam desprezando e difamando o apóstolo Paulo. Esse é o assunto também do começo do capítulo 4. O que temos nesses versos é: (1) como os homens devem considerar aqueles que Deus escolhe para dirigirem o seu povo; (2) como estes devem se portar; (3) a atitude que o obreiro deve ter com relação ao dia do julgamento e (4) a atitude que os liderados devem ter face ao julgamento final.
Em primeiro lugar, Paulo ensina como os coríntios deveriam considerar a ele e aos demais obreiros que Deus provia. Eles deveriam vê-los e respeitá-los como servos (ministros, assistentes) de Cristo e como encarregados (despenseiros, administradores) dos mistérios de Deus. Pastores são pessoas escolhidas por Deus para dirigirem o seu povo como representantes de Deus. Eles também são os principais encarregados da verdade de Deus que outrora foi oculta em mistérios, principalmente a verdade de que Jesus Cristo, Deus encarnado, morreu para a salvação de pessoas de todas as nações e quer uni-las como a sua igreja até a sua vinda gloriosa. Portanto, você, ovelha, deve respeitar e amar o seu pastor. Estime-o segundo a medida de sua fidelidade ao Senhor e à pregação dos mistérios de Cristo.
Em segundo lugar, Paulo, afirma que o que Deus quer dos administradores é que sejam encontrados fiéis. A ideia de ser encarregado pode ser encontrada nos evangelhos. Jesus usou essa figura diversas vezes para falar da responsabilidade de trabalho da igreja enquanto ele está ausente (Lc 12.42-48; Lc 16.1-9). Nós, pastores, temos o privilégio de sermos assistentes de Deus (em outros lugares Paulo usa cooperadores). Temos também a honra de sermos responsáveis pelos mistérios de Deus, as verdades reveladas nas Escrituras. Portanto, lutemos com todas as forças para, naquele dia, sermos encontrados fiéis na administração dos mistérios de Deus. Preocupemo-nos com isso mais do que com qualquer outra demanda ministerial.
Pode acontecer, entretanto, que você, que desempenha um papel de liderança na igreja, aja da maneira correta e, ainda assim, seja perseguido e difamado. O que fazer neste caso? Creio que devemos seguir o exemplo do apóstolo visto nos versos 3 e 4: (1) não me importo ser julgado por vocês ou por outros homens; (2) eu não julgo (justifico ou condeno) a mim mesmo; (3) O Senhor é quem me julga. Qualquer um de nós pode se deixar levar pela concepção que as pessoas têm a nosso respeito. Qualquer um de nós corre o risco de motivar suas ações com base em o que as pessoas pensarão a respeito. Qualquer um de nós pode tremer só de pensar na ideia de não receber aprovação alheia. Paulo aprendeu a não se importar com essas coisas. Ele deixou o julgamento nas mãos de Deus. Ele não se preocupava com o que as pessoas pensavam a seu respeito e nem gastava muito tempo pensando a respeito de si mesmo, mas deixava todo e qualquer julgamento de si mesmo nas mãos de Deus, a quem ele foi chamado para agradar acima de todos. Deixe sua reputação, história, desculpas e culpas ministeriais nas mãos do único que pode julgar retamente.
Por fim, Paulo exorta os coríntios: “Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um receberá de Deus a sua aprovação.” Nós, homens falhos, não devemos julgar de maneira final os ministérios que vemos. É claro que isso não se aplica àqueles que sabidamente são falsos mestres, os quais a Bíblia nos exorta a resistirmos duramente (Fp 3.2; 2Pe 2; Jd). Quanto aos demais ministérios, que como os nossos contém erros e acertos, devemos deixar o julgamento nas mãos daquele que realmente tem competência para condenar e justificar. Deus não somente trará à tona tudo o que foi feito (comissão celestial de estatísticas e relatórios), mas ele também revelará as motivações do coração, e com base neste julgamento totalmente justo, cada um receberá o seu louvor (elogio, aprovação) da parte de Deus: “muito bem servo bom e fiel”. Portanto, deixemos de ser tão rápidos para condenar ou justificar e façamos a nossa parte, trabalhando para expandir o reino e deixando o julgamento nas mãos de Deus.
Oração: Obrigado, Senhor, porque não precisamos ficar presos na prisão do agradarmos a todos ou na cadeia do temor de homens. Obrigado por não termos que justificar a nós mesmos. Perdoa-nos por sermos rápidos para julgar e condenar outros irmãos que também estão trabalhando na seara. Dá-nos a graça de sermos encontrados fiéis como servos teus e na dispensação dos teus mistérios. Dá ao teu povo uma visão correta de como devem considerar os líderes que o Senhor mesmo tem levantado. Em nome de Cristo. Amém.
João Paulo Thomaz de Aquino