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O que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados (Lucas 3)

Era hora da refeição. A esposa do indiano Dashrath Manjhi estava levando uma marmita para seu marido, quando caiu por causa do terreno acidentado da montanha que separava a sua casa do campo em que ele trabalhava. Naquele dia Manjhi decidiu cortar a montanha e fazer um caminho plano para a sua esposa. Vinte e dois anos mais tarde, depois de ser muitas vezes chamado de louco, trabalhando com um martelo e uma talhadeira, Manjhi conseguiu a proeza de cortar a montanha sozinho, abrindo um caminho de 110m, que facilitou a vida de todo o seu povoado.

Em vários lugares do mundo as montanhas não representam um problema. Elas formam paisagens lindas e servem para passeios atrativos e esportes radicais, mas dificilmente como um obstáculo perigoso que temos que enfrentar contra a nossa vontade. É fácil transpor montanhas quando estamos dirigindo nosso carro em uma estrada com montanhas rasgadas, túneis e subidas e descidas bem pavimentadas.

Em tempos bíblicos, no entanto, as montanhas apresentavam desafios. Elas eram obstáculos difíceis de se transpor e representavam caminhos mais longos, quedas e até mesmo risco de morte. Essa é a razão pela qual o salmista pergunta: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?” (Salmo 121.1) A resposta deste Salmo é que o Deus Criador cuidaria do seu povo no caminho, ainda que houvesse obstáculos montanhosos. Isaías 2 anuncia que Deus humilharia no futuro tudo o que é exaltado e altivo e como exemplo figurado diz que o Senhor dos Exércitos será “contra todos os montes altos e contra todos os outeiros elevados” (Is 2.14).

A segunda parte de Isaías é escrita para consolar o povo que estaria no exílio. O texto começa com a seguinte promessa:

 

1 Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. 2 Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do Senhor por todos os seus pecados. 3 Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. 4 Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. 5 A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse. (Isaías 40.1-5)

A promessa é que o povo voltaria do exílio e uma voz clamaria no deserto: “preparem o caminho para que o Senhor passe!” e como resultado, a glória do Senhor, que havia abandonado o templo, passaria pelo deserto a caminho de Jerusalém, aos olhos de todo o povo. De alguma forma a mesma glória que acompanhou o povo no êxodo, é a glória que estaria com eles na volta do exílio babilônico.

Babilonia-Jerusalem

 

Mas o Novo Testamento aponta que esse texto não se cumpriu totalmente na volta do exílio babilônico! Os evangelistas citam esse texto de Isaías para explicar o ministério de João Batista (leia Lucas 3.1-17)

Em que sentido João Batista foi a voz clamando no deserto: “preparai a caminho do Senhor”? João anunciava a todos de sua época que preparassem o caminho para a vinda do Senhor, a vinda de Jesus. João desafiou os judeus para que acertassem seus pecados diante de Deus, buscando arrependimento, purificação e mudança de vida. Essa seria a maneira de preparar o caminho para a vinda de Jesus. João anunciava e ministrava “batismo de arrependimento para remissão de pecados” (3.3).

As palavras de João não eram polidas, mas como um profeta de antigamente, ele anunciava a ira de Deus, mas também a possibilidade de arrependimento: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (3.7-8). Ele não queria que os seus conterrâneos descansassem no fato de serem eleitos, descendentes de Abraão, mas anunciava que ainda dava tempo de se arrepender, mas tinha que ser rápido: “já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (3.9).

Com tal mensagem contundente, João se tornou uma pessoa muito famosa em sua época e muitos o procuravam para buscar aconselhamento e direção. Sua mensagem anunciava o fazer o bem “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo” (3.11), a justiça: “Não cobreis mais do que o estipulado” (3.13); “A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa” (3.14) e o contentamento: “contentai-vos com o vosso soldo (salário)”.

Acima de tudo isso, no entanto, João anunciava Jesus Cristo, o Senhor Yahweh encarnado, bem como a salvação ou destruição que existe nele: “Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo inextinguível. (3.16-17)”

Lembre-se, João era a voz clamando no deserto para que os caminhos para a vinda do Senhor fossem tornados planos e retos. Como João fez isso? João o fez conclamando todo o povo ao arrependimento e a uma nova vida de justiça e contentamento. João anunciou que aqueles que preparassem o caminho para a vinda do Senhor, aplainando montes e vales em suas vidas, teriam o privilégio de serem batizados com o Espírito Santo, porém aqueles que resistissem à convocação da palavra seriam batizados com fogo que não se apaga!

A mensagem de João é para hoje e é ainda mais urgente. O Senhor já veio e prometeu voltar. Hoje ele encontraria um caminho plano para chegar até você? Em quais áreas de nossa vida precisamos destruir montanhas: prática de injustiça, falta de contentamento, falta de frutos, falta de arrependimento? Deus nos convoca novamente: “preparai o caminho do Senhor!” Corte as montanhas, Ele está vindo! Prepare o caminho, Ele está vindo! Arrependamo-nos, Ele está vindo! Consolemo-nos, Ele está vindo! Maranata!

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