Uncategorized

O Dízimo é Uma Obrigação para os Cristãos na Nova Aliança? (Malaquias 3.6-12)

Introdução

O livro de Malaquias contém imagens fortes, palavras duras e predições de maldição. Não podemos deixar, no entanto, que essas palavras fortes do livro anuviem as promessas, declarações divinas de amor e teologia do livro. Vejamos, por exemplo, os nomes com os quais Deus se revela no livro e algumas atitudes divinas que revelam o seu caráter amoroso:

Nomes de Deus em Malaquias

• SENHOR (1.2)
• SENHOR dos Exércitos (1.4)
• Pai (1.6; 2.10)
• Senhor (1.6)
• Deus (1.9)
• O Deus cujo nome é grande entre as nações (1.11)
• O Grande Rei (1.14)
• O Deus que é terrível entre as nações (1.14)
• O Deus de Israel (2.16)

Características de Deus em Malaquias

• O Deus que fala com o seu povo por meio de mensageiros (1.1; 2.7; 3.1)
• O Deus que ama o seu povo (1.2)
• O Deus que é grande também fora de Israel (1.5)
• O Deus que convida o seu povo ao arrependimento, mesmo depois de pecados graves (2.1)
• O Deus da aliança (2.4-5)
• O Deus que testemunha e faz o casamento dos seus filhos (2.14-15)
• O Deus que purifica o seu povo (3.3)
• O Deus que protege os desamparados (3.5)
• O Deus que não muda e por isso não destrói os seus (3.6)
• O Deus que abençoa materialmente o seu povo (3.10-12)
• O Deus que considera os que o temem como seu tesouro particular (3.17)
• O Deus que poupa ao filho que o serve (3.17)
• O Deus justo ao recompensar e punir (3.18)
• O Deus que prometeu a vinda de Jesus Cristo, o desejado mensageiro da aliança (3.1), o Sol da justiça que traz salvação nas suas asas (4.2)!

Lembre-se, portanto, o motivo pelo qual Deus fala palavras duras ao seu povo é o seu amor fiel à aliança que ele mesmo fez com o seu povo. Deus nos ama e por isso mesmo é que ele nos traz para perto de si.

Contexto

A estrutura do livro baseia-se nas perguntas que Deus revela que estavam passando no coração do povo e nas respectivas respostas de Deus:

  • Em que nos tens amado?
    • Amei a Jacó e Odiei a Esaú (1.1-5)
  • Em que desprezamos o teu nome?
    • Sacrifícios Defeituosos (1.6-14)
    • Infidelidade no sacerdócio (2.1-9)
    • Infidelidade no Casamento (2.10-16)
  • Em que o enfadamos?
    • Qualquer mal passa por bom aos olhos de YAWEH
    • É destes que Ele gosta (2.17—3.6)
  • Em que havemos de tornar?
  • Em que te roubamos?
    • Nos dízimos e ofertas (3.6-12)

O nosso texto apresenta a infidelidade do povo de Judá com relação à sua vida financeira.

Mal3_6-12

1 Os Erros: Afastamento de Deus, Roubo a Deus e Insensibilidade com relação ao pecado

7 Desde os dias de vossos pais,
vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes;
tornai-vos para mim,
e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos;
mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
8 Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis:
Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.

Um dos absurdos desses texto é encontrarmos o Senhor dos Exércitos conversando com o seu povo nesses termos: “Volta para mim”. Deus não precisa de nós, Deus é totalmente santo e poderoso, ele pode criar um povo novo para si quando quiser. Ainda assim, ele convida o seu povo de aliança quando esse anda errante: “volte para mim!”

Esse texto ensina que abandonar os estatutos de Deus e não os guardar é a mesma coisa que abandonar o próprio Deus. O problema é que além de se afastar dos mandamentos e de Deus e de roubar a Deus, o povo que voltara do exílio também já havia perdido a sensibilidade espiritual ao ponto de não saber distinguir entre atitudes corretas e ações pecaminosas.

2 A Consequência: Maldição

9 Com maldição sois amaldiçoados,
porque a mim me roubais, vós, a nação toda.

O Deus que criou o mundo com leis, também se relaciona com seu povo baseado em leis e princípios. Deus havia prometido bênçãos pela obediência e maldições pela desobediência e aquele povo estava provando as maldições por causa de sua idolatria.

3 A Solução e as Promessas: Tragam do dízimo e façam prova de mim nisso, diz o Senhor

10 Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro,
para que haja mantimento na minha casa;
e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos,

Deus nunca aponta um erro sem apresentar uma solução. O amor de aliança de Deus é de forma tal que ele é compelido por si mesmo a abençoar quando o seu povo se arrepende e aje de conformidade com a sua vontade revelada (lei). Deus promete abençoá-los com pelo menos três tipos de bênçãos:

3.1 Deus promete abrir Janelas do Céu e derramar bênçãos sem medida

se eu não vos abrir as janelas do céu
e não derramar sobre vós bênção sem medida.

Essa é uma das imagens mais lindas para retratar as bênçãos que Deus tem para o seu povo Imagine um celeiro cheio e suspenso, cujas portas ficam para baixo. O que acontece quando as portas de abrem? É esse o tipo de abundância que Deus promete ao seu povo e esse tipo de linguagem também acontece no Novo Testamento. Não podemos, no entanto, reduzir as promessas de Deus às coisas materiais somente, Deus tem muito mais do que dinheiro para dar ao seu povo, ele nos abençoa com bênçãos espirituais e materiais em Cristo, ele nos abençoa com tudo o que é necessário para a vida é para a piedade.

3.2 Deus promete repreender o devorador

11 Por vossa causa, repreenderei o devorador,
para que não vos consuma o fruto da terra;
a vossa vide no campo não será estéril,
diz o SENHOR dos Exércitos.

A segunda promessa de Deus é repreender aquilo que consome as nossas bênçãos. A palavra “devorador” é usada no Antigo Testamento para se referir a gafanhotos, exércitos inimigos e fogo. Não há aqui, portanto, uma referência primária a espíritos malignos. O fato, no entanto, é que Deus promete repreender qualquer coisa, seja física ou espiritual, que roube as bênçãos físicas e espirituais do seu povo.

image

3.3 Deus promete abençoá-los de maneira que outros reconheçam

12 Todas as nações vos chamarão felizes,
porque vós sereis uma terra deleitosa,
diz o SENHOR dos Exércitos.

Em terceiro lugar, é prometido que a verdade de Deuteronômio 4.6—8 e do Salmo 67 se cumpriria na vida deles, eles seriam tão abençoados que as nações ao redor perceberiam e reconheceriam as bênçãos de Deus sobre eles.
Há um problema teológico, no entanto, que precisa ser tratado antes de se aplicar esse texto à igreja que vive na realidade da nova aliança:

4 O que isso tem a ver com a igreja neotestamentária?

“O dízimo é ensinado em toda a Bíblia: antes da lei (Gn 14.20), na lei (Lv 27.30), nos livros históricos (Ne 12.44), poéticos (Pv 3.9,10), proféticos (Ml 3.8-12) e também no Novo Testamento (Mt 23.23; Hb 7.8)”. Hernandes Dias Lopes

Mateus 23.23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!

Hebreus 7.4-10 Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos. 5Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; 6entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas. 7Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. 8Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive. 9E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. 10Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.

Esses são os dois textos principais que falam sobre dízimo no Novo Testamento. Embora o primeiro seja debatível quando à sua aplicação, o segundo é bastante claro. Na argumentação de Hebreus, o autor está apontando para a superioridade da nova aliança em Cristo quando comparada à velha aliança. Essa “nova” aliança em Cristo começou com Melquisedeque, antes da lei. É nesse contexto, então, que o texto não somente mostra que Abraão, antes da lei, deu o dízimo, mas que Jesus na Nova Aliança também de alguma forma recebe os nossos dízimos: “Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive.” (Hebreus 7.8)

Eu não consigo ver como seria possível dizer que o dízimo não é mais válido se levarmos a argumentação de Hebreus a sério. Por outro lado, mesmo quando o Novo Testamento não fala de dízimo, ele dá a entender que a obrigação (que deve ser feita sem legalismo!), ou desejo, dos cristãos na nova aliança dis respeito a não somente 10%, mas mais do que isso:

Lucas 6.38 …dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.

Lucas 12.33 Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, 34porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

Lucas 14.33 Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.

Lucas 21.3-4 e disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. 4Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento.

2 Coríntios 9.6-9 E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. 7Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. 8Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, 9como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre.

Assim, portanto, creio que é justo que apliquemos o texto de Malaquias à nossa realidade neotestamentária, lembrando que as promessas continuam em voga (e com a mesma abundância), da mesma forma que o privilégio deve ser exercido além dos 10% e sem legalismo.

Conclusão

  • O Novo Testamento nunca abole o dízimo, pelo contrário, ratifica-o e expande o reino de Deus sobre nossas posses.
  • Assim como há promessas em Malaquias para aqueles que forem fiéis no dízimo, há promessas no Novo Testamento para aqueles que dão ofertas com liberalidade.
  • As bênçãos prometidas na Bíblia aos que são fiéis na admistração do seu dinheiro são muito maiores do que apenas bênçãos materiais.
  • O coração é fundamental no processo. Deus ama ao que dá com alegria. Ainda assim, não fazê-lo é roubar a Deus, afastar-se de Deus e permitir que o coração vá se tornando cada vez mais insensível.

O que devemos fazer?

  • Dê o dízimo!
    • É do bruto
    • São as primícias
    • Não é uma atitude legalista
  • Use o dinheiro que Deus põe na tua mão para abençoar aqueles que têm menos do que você.
  • Coloque a igreja, bons ministérios paraeclesiásticos, e os pobres em teu orçamento e vá aumentando aos poucos os teus esforços.

Prove a Deus nisso!!

  • Bênçãos
    • Janelas dos céus abertas e bênçãos caindo
    • Deus vai repreender o devorador
    • Você será abençoado de maneira pública e reconhecível

O que você prefere: ter Deus como sócio, ou como concorrente? Como parceiro ou como inimigo?

 

 

Algumas ideias deste post e dos demais em Malaquias foram extraídas de:

  • http://hernandesdiaslopes.com.br/topico/malaquias/
  • http://www.ipsantoamaro.com.br/pregacoes/series/1-exposicao-em-malaquias.html
  • http://www.desiringgod.org/messages/by-scripture/malachi/3
  • Taylor, Richard A., and E. Ray Clendenen. Haggai, Malachi. Vol. 21A. The New American Commentary. Nashville: Broadman & Holman Publishers, 2004. Logos Edition.
  • Ellsworth, Roger. Opening up Malachi. Opening Up Commentary. Leominster: Day One Publications, 2007. Logos Edition.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *