1 João 1: Comunhão, Alegria e Segurança
JOÃO ESCREVE SOBRE O JESUS CRISTO ENCARNADO PARA QUE OS CRISTÃOS TENHAM COMUNHÃO E ALEGRIA
1 O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida 2 (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), 3 o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 4 Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
Ao iniciar a sua carta, João assegura os seus ouvintes da sua autoridade para lhes escrever como representante de Cristo: João o ouviu, viu, contemplou e tocou nele. Além disso, logo no início, João deixa claro que Jesus não era um espírito vagando sobre a terra, mas que ele foi um ser humano passível de ser tocado, olhado e ouvido assim como fazemos uns com os outros.
Nos versículos 3 e 4, João apresenta os objetivos de ter escrito a sua carta: comunhão e alegria. João fala dessa comunhão (κοινωνία, koinonia) nos versículos 3, 6 e 7. Essa comunhão é entre pessoas (conosco) e entre essas pessoas e o Deus Triúno (com o Pai e com o Filho). É uma comunhão também que só aproveitam aqueles que andam na verdade que está sendo anunciada nessa carta (Jesus é totalmente homem, totalmente Deus e perdoa os pecados daqueles que o amam e , por isso, se esforçam para viver para ele). O segundo motivo da escrita da carta, que, na verdade, é uma consequência do primeiro, é que João escreve para que a alegria daqueles cristãos e dele seja completa. Ou seja, quando nós cristãos, conhecemos e vivemos mais o que o evangelho tem para oferecer, a nossa alegria pessoal e comuntária é uma alegria completa.
PARA EVITAR O AUTO-ENGANO É NECESSÁRIO SABER QUE DEUS É LUZ E VIVER DE ACORDO COM ISSO
5 Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. 6 Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. 7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. 8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
O auto-engano é um problema sério que tem sido estudado cada vez mais por conselheiros cristãos. Disfarçamos nosso egoísmo convencendo a nós mesmos que estamos agindo pelo outro. Ocultamos nosso desejo de construir o próprio reino dizendo que estamos construindo o reino de Deus. Ocupamo-nos de um monte de afazeres a fim de não termos tempo para Deus a assim temos a desculpa que estávamos ocupados demais… E a lista poderia continuar. O problema é quando, como regra, vivemos vidas sujas (nas trevas), longe de Deus e tentamos convencer a nós mesmos que está tudo bem, pois somos cristãos salvos pela graça (barata). Na comunidade de João, havía líderes religiosos que estavam vivendo assim. Por isso, João começa esse trecho com uma afirmação que muitas vezes tem sido esquecida por cristãos que gostam de super-enfatizar que Deus é amor (1João 4.8): “Deus é Luz, e não há nele treva nenhuma“. Somente aqueles que sabem que Deus é luz (pureza, santidade, perfeição moral) poderão descobrir que ele é amor. Baseado nessa afirmação, João vai apresentar 5 testes para evitar o auto-engano.
Teste 1: Se você diz que tem comunhão com Deus, mas, na prática, anda nas trevas, ou seja, vive praticando coisas que desagradam a Deus como um padrão de vida, então, você é um mentiroso e não tem praticado a verdade (note a distinção entre falar e praticar estabelecida por João).
Teste 2: Se você anda na luz como Deus está na luz, ou seja, crê na verdade acerca de Jesus (homem-Deus) e pratica a verdade (santidade, testemunho, boas obras), então, você tewm comunhão com os demais cristãos e o sangue de Jesus te purifica de todo o pecado. Note aqui, que João não está dizendo que o cristão é perfeito (como ficará claro a seguir), mas que ele luta para viver uma vida pura, ainda que, por vezes, não atinja esse padrão.
Teste 3: Se dissermos que não temos pecado nenhum e que já atingimos o pico de nossa santificação, que somos moralmente perfeitos, diz João, estamos cometendo auto-engano e a verdade (a Palavra, o Verbo) não está em nós. Enquanto estivermos nessa terra amaldiçoada por Deus, antes da gloriosa vinda de Cristo, lutaremos contra o pecado e não alcancaremos a perfeição.
Teste 4: Se confessarmos os nossos pecados, o Deus que é luz, também é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Note o processo duplo apresentado por João: perdão e purificação. Deus não somente torna a nossa situação “ok” por meio do sangue de Cristo (justificação), mas ele também de fato nos torna mais puros em nossas vontades, escolhas, palavras e ações (santificação).
Teste 5: Muito parecido com o teste 3. Havia na época de João, alguns líderes que, embora vivessem na prática de imoralidades, acreditavam ser perfeitos, pois criam que aquilo que faziam com o corpo não interferia em seu espírito/alma. Assim, eles diziam já ter alcançado a perfeição da vida cristã. João deixa claro que aqueles que se dizem sem pecado, estão tornado Deus (luz, fiel e justo) em um mentiroso e, consequentemente, eles não tem a Palavra neles.
O auto-engano pode funcionar em duas dimensões: convencendo ímpios (aqueles que vivem nas trevas) de que são cristãos e convencendo cristãos (aqueles que vivem na luz, mas ainda pecam) de que estão perdidos. João escreveu para ambos. Todos devem avaliar aquilo que pensam a respeito de si mesmos diante de Deus. Ele é luz e o que mostrará se somos dele ou não é se andamos (não no discurso, mas na prática) na luz como ele está na luz, não nos achamos santarrões (caso dos fariseus) e confessamos os nossos pecados quando falhamos.
Conheça a verdade sobre Cristo! Viva a verdade que é Cristo! Usufrua comunhão, alegria e segurança!
TRADUÇÃO LITERAL E ESTRUTURA
1 Aquele que era (Impf) desde o princípio,
…..nós o ouvimos (Pf),
…..nós o vimos (Pf) com os olhos nossos,
…..nós o contemplamos demoradamente (Aor Med)
…..e as mãos nossas tocaram (Aor) acerca do verbo (logos, palavra) da vida
2 e a vida foi manifestada (Aor Pass)
…..e nós vimos (Pf)
…..e estamos testemunhando (Pres)
…..e anunciando (Pres) a vocês
……….a vida eterna que estava (Impf) com o Pai
……………e foi manifestada (Aor Pass) a nós
3 Nós o vimos (Pf)
e ouvimos (Pf)
e estamos anunciando (Pres) também a vocês,
…..a fim de que também vocês comunhão estejais tendo (Pres) conosco.
…..E a comunhão nossa [é] com o Pai e com o Filho dele Jesus Cristo.
4 e essas coisas estamos escrevendo (Pres) a vocês,
…..para que a alegria de vocês completa (Pf Part) [seja]
5 E é (Pres) esta a mensagem que ouvimos (Pf) dele e anunciamos (Pres) a vós,
…..que Deus luz é (Pres) e trevas nele não há (Pres) nenhuma.
6 Se dissermos (Aor Subj) que comunhão estamos tendo (Pres) com ele
e nas trevas estamos andando (Pres Subj),
…..mentimos (Pres Méd)
…..e não fazemos (Pres) a verdade.
7 Mas se na luz estamos andando (Pres Subj) como ele está na luz,
…..comunhão estamos tendo (Pres Ind) uns com os outros
…..e o sangue de Jesus, o Filho dele está purificando (Pres) a nós de todo pecado.
8 Se dissermos (Aor Subj) que pecado não temos (Pres),
…..a nós mesmos nos enganamos (Pres Ind)
…..e a verdade não está (Pres) em nós.
9 Se confessarmos (Pres Subj) os pecados nossos,
…..fiel ele é e justo, a fim de perdoar (Aor Subj) a nós os pecados
…..e purificar a nós de todo erro.
10 Se dissermos (Aor Subj) que não pecamos (Pf),
…..mentiroso fazemos (Pres) a ele
…..e a palavra dele não está (Pres) em nós.
Publicado originalmente em https://portugues.logos.com, em 11/03/2015